24 maio 2011

Desabafo

Hoje quero desabafar.

Sim, eu sei que reativar o blog com um desabafo não é uma coisa muito boa, mas ainda assim, é o que eu quero.
Cansei. Preciso falar. E que se exploda também...


Há muito tempo eu venho percebendo o quão diferentes e únicos os indivíduos são. Claro, isso é uma coisa bastante óbvia, não há muito mérito em perceber um detalhe destes...

Mas mesmo assim, é interessante tentar entender o quão singular é uma pessoa. Cada detalhe, cada gosto, cada mania, cada tendência. Seres humanos são criaturinhas bastante complexas e praticamente impossíveis de copiar.

É claro que alguns tentam...

Se você prestar bastante atenção, irá perceber como há inúmeros e inúmeros indivíduos que tentam ser iguais aos outros. Como tentam copiar suas atividades, seu visual, seus gestos. Suas frases de efeito e suas poses triunfais.
Meio patético, mas ainda assim, verdadeiro.

Todo mundo sabe o porquê: insegurança.
Seres humanos são seres sociais, precisam da aprovação dos demais. E para alguns, essa aprovação é tão importante, que eles simplesmente não arriscam perdê-la. Para tanto, estão dispostos a abrir mão de suas singularidades e tentar adotar a personalidade de outra pessoa, de alguém que é bem quisto, perfeitamente aceito e sem risco de ser esquecido.

Pessoas temem a solidão, o abandono, a indiferença, e por isso, abrem mão daquilo que as torna únicas.

Nem todos são assim, é claro.
Existem aqueles que são naturalmente atraentes, que sem precisar copiar ninguém, conseguem toda a atenção de que precisam.
E há aqueles, mais raros, que não têm essa tendência natural de necessidade de aprovação. Pessoas que, invertendo os valores atuais da sociedade, priorizam o "eu" que eles veem e do qual eles gostam, em detrimento daqueles que os outros apreciam.
Pessoas que estão dispostas a enfrentar preconceitos e indiferença a fim de manterem-se fiéis a si próprias.

Pessoas taxadas, normalmente, de diferentes, estranhas, incomuns, não populares, e por aí vai.

Mas meu desabafo não é sobre elas. É sobre ser humano. Não "o" ser humano. Mas o "ser" humano. O verbo "ser".

Ser humano é ser único, indiferente de como se trate essa unicidade, singularidade, ou seja lá o nome que se quer dar.
Cada humano é único com suas fraquezas e forças, mesmo que não as reconheça.

E o que eu percebi, ou sempre soube, ou talvez esteja enganado, é que eu desprezo os seres humanos, juntamente com todas as suas fraquezas e forças, vícios e virtudes, defeitos e qualidades, indiferentes de conhecidas ou não. Os desprezo com todo o meu ser, com todas as minhas forças, com toda a minha capacidade.
Porque o ser humano é uma criaturinha volátil. Instável, indigno de confiança. Uma coisinha desnecessária, repugnante, desprezível em todo o seu ser.
Seres humanos são a pior coisa que já aconteceu pro mundo.
Esse é o meu desabafo.
Talvez seja mais um "mea culpa", uma admissão que eu não consigo compreender os seres humanos, não consigo aceitá-los e por isso os desprezo. Pode ser...

Mas agora, você aí, ser humano desprezível que é, deve estar, se se importa, bufando de raiva, dizendo para si mesmo "quem ele pensa que é? É só outro humano desprezível".

E é verdade. Eu sou. Humano, até o cerne. Até a alma. Esse desprezo é o que me define como humano. É o meu traço majoritário. É o meu defeito primal, a minha maior virtude. Tanto faz.
Assim como existem aqueles que amam a todos. Assim como existem aqueles adoram o prazer, idolatram a fama e atenção, que se sentem bem em serem os mais amados, existe o contrário. Suponho que exista. Eu existo, pois bem.
Um belo exemplo.
O que me faz humano é isso: detestar humanos.
Contraditório. Como um bom humano deve ser.