04 julho 2011

Nosso tempo...

Dizem que para tudo na vida, há uma hora certa, um tempo correto para acontecer.
Dizem que na vida, as coisas só acontecem quando devem acontecer.
Dizem que na vida, nada do que você faça irá adiantar o andamento das coisas.
Dizem que, indiferente do que você espere ou indiferente de como aja, tudo terá o seu tempo.

Foi assim com o nosso.
Confuso, complexo, ininteligível muitas vezes, mas ainda assim...

O nosso tempo foi bastante estranho, talvez mais para mim do que para você, por que eu não percebia de fato que ele havia chegado.
Muitas vezes isso acontece, você não se vê naquele momento e, de repente, o tempo acabou.

No meu caso, não foi tão desastroso. Mas eu percebi, de fato, tarde demais.
Quando eu compreendi que as coisas importantes estavam acontecendo, elas já haviam acontecido, os fatos consumados, os erros cometidos. Não houve volta. Só me sobrou viver a decadência, aproveitar o fim dos bons tempos.
Do nosso tempo, eu só vi o lado negro...

Um problema de ver o tempo passar, é que o tempo não volta.
Quando o tempo é bom, quando as coisas vão bem, nós nem percebemos o tempo passar. Os dias se arrastam, os meses passam, os anos escorrem e você nem liga. Está tudo tão bom, tudo tão agradável. E as coisas vão assim até que um dia não estão mais.
Chocante? Não, nem um pouco. Assim como as coisas vão bem, elas vão morrendo. Sabe como dizem que cada passo é um passo a menos em direção ao fim?
Quando aproveitamos o nosso tempo, ele está fadado a acabar, do momento em que começou. Porém, se tudo vai bem, nós acabamos não percebendo. Até que um dia, simplesmente, acabou...

Mas sabe o que é pior do que isso?
Quando o nosso tempo está passando e a gente está vendo isso. Quando você percebe que as coisas estão acabando, que nada mais será como antes e, com todas as suas forças, tenta fazer o tempo voltar. Fazer com que tudo volte a ser como antes. Fazer com que tudo volte a ter sentido, a ser perfeito.
Seguir o tempo pode ser ruim. Lutar contra ele é um tanto pior...


Mas vá lá. O tempo passa... de um jeito ou de outro, você sobrevive. Às vezes não, mas...
Digamos que sobreviveu, talvez com um ou outro ferimento, mas nada muito sério.


Há uma grande questão... uma que você vai se perguntar por muito tempo, que vai te tirar o sono, que vai te fazer ver sinais em qualquer coisa, vai te fazer ficar de olhar vidrado, perdido em suposições sem sentido...

"O nosso tempo não volta?"

Te vi agora e pensei, pensei mesmo por um instante, pensei com profundidade e, creia-me, parece que achei uma resposta: Não.

Nosso tempo acabou.
Já não volta mais.
E sabe por quê? Por que nós desistimos dele. Um abriu mão, o outro agarrou-se a ele de forma negativa.

Não que um tempo possa voltar. Lógico que não.
Voltar o tempo é impossível. Vira-tempo não existe. Mágica é coisa de filme. Voltar no tempo não acontece.
O que se faz é começar de novo.
Não recriar, apenas continuar. De onde parou. Como parou. Não importa. É seguir adiante. É acordar uma manhã, virar na cama e reparar que aquela pessoa ali do teu lado ainda pode fazer milhares de coisas diferentes, ainda pode te surpreender de uma quantidade tão grande de maneiras que, só de perceber isso, você já se surpreende.

É saber que, apesar de ter acabado, você pode começar de novo.

Nós podíamos ter feito isso. Podíamos ter tentado. É. Podíamos.
Mas agora é tarde. O nosso tempo acabou.

A certeza me vem ao perceber que dizer que o nosso tempo acabou já não me entristece. Não é como ver uma foto antiga de um álbum da infância, que provoca nostalgia. Não é como ouvir uma música cheia de significados.
É simplesmente lembrar de algo que deu errado.
Não um erro cometido, mas um tempo não aproveitado.

Meu tempo hoje é outro, um que eu pretendo renovar e manter eternamente.
Meu tempo hoje me é visível, sensível e agradável.
Meu tempo hoje é meu.
É o que eu tenho. É só o que tenho.

Pois o nosso tempo, sinto muito....
Mas o nosso tempo acabou.

24 maio 2011

Desabafo

Hoje quero desabafar.

Sim, eu sei que reativar o blog com um desabafo não é uma coisa muito boa, mas ainda assim, é o que eu quero.
Cansei. Preciso falar. E que se exploda também...


Há muito tempo eu venho percebendo o quão diferentes e únicos os indivíduos são. Claro, isso é uma coisa bastante óbvia, não há muito mérito em perceber um detalhe destes...

Mas mesmo assim, é interessante tentar entender o quão singular é uma pessoa. Cada detalhe, cada gosto, cada mania, cada tendência. Seres humanos são criaturinhas bastante complexas e praticamente impossíveis de copiar.

É claro que alguns tentam...

Se você prestar bastante atenção, irá perceber como há inúmeros e inúmeros indivíduos que tentam ser iguais aos outros. Como tentam copiar suas atividades, seu visual, seus gestos. Suas frases de efeito e suas poses triunfais.
Meio patético, mas ainda assim, verdadeiro.

Todo mundo sabe o porquê: insegurança.
Seres humanos são seres sociais, precisam da aprovação dos demais. E para alguns, essa aprovação é tão importante, que eles simplesmente não arriscam perdê-la. Para tanto, estão dispostos a abrir mão de suas singularidades e tentar adotar a personalidade de outra pessoa, de alguém que é bem quisto, perfeitamente aceito e sem risco de ser esquecido.

Pessoas temem a solidão, o abandono, a indiferença, e por isso, abrem mão daquilo que as torna únicas.

Nem todos são assim, é claro.
Existem aqueles que são naturalmente atraentes, que sem precisar copiar ninguém, conseguem toda a atenção de que precisam.
E há aqueles, mais raros, que não têm essa tendência natural de necessidade de aprovação. Pessoas que, invertendo os valores atuais da sociedade, priorizam o "eu" que eles veem e do qual eles gostam, em detrimento daqueles que os outros apreciam.
Pessoas que estão dispostas a enfrentar preconceitos e indiferença a fim de manterem-se fiéis a si próprias.

Pessoas taxadas, normalmente, de diferentes, estranhas, incomuns, não populares, e por aí vai.

Mas meu desabafo não é sobre elas. É sobre ser humano. Não "o" ser humano. Mas o "ser" humano. O verbo "ser".

Ser humano é ser único, indiferente de como se trate essa unicidade, singularidade, ou seja lá o nome que se quer dar.
Cada humano é único com suas fraquezas e forças, mesmo que não as reconheça.

E o que eu percebi, ou sempre soube, ou talvez esteja enganado, é que eu desprezo os seres humanos, juntamente com todas as suas fraquezas e forças, vícios e virtudes, defeitos e qualidades, indiferentes de conhecidas ou não. Os desprezo com todo o meu ser, com todas as minhas forças, com toda a minha capacidade.
Porque o ser humano é uma criaturinha volátil. Instável, indigno de confiança. Uma coisinha desnecessária, repugnante, desprezível em todo o seu ser.
Seres humanos são a pior coisa que já aconteceu pro mundo.
Esse é o meu desabafo.
Talvez seja mais um "mea culpa", uma admissão que eu não consigo compreender os seres humanos, não consigo aceitá-los e por isso os desprezo. Pode ser...

Mas agora, você aí, ser humano desprezível que é, deve estar, se se importa, bufando de raiva, dizendo para si mesmo "quem ele pensa que é? É só outro humano desprezível".

E é verdade. Eu sou. Humano, até o cerne. Até a alma. Esse desprezo é o que me define como humano. É o meu traço majoritário. É o meu defeito primal, a minha maior virtude. Tanto faz.
Assim como existem aqueles que amam a todos. Assim como existem aqueles adoram o prazer, idolatram a fama e atenção, que se sentem bem em serem os mais amados, existe o contrário. Suponho que exista. Eu existo, pois bem.
Um belo exemplo.
O que me faz humano é isso: detestar humanos.
Contraditório. Como um bom humano deve ser.

15 março 2011

O Significado da Palavra Solidão

Antes eu tinha essa visão meio... monótona a respeito da Solidão. Para mim, esse sentimento nada mais era do que a sensação de se estar sozinho. Aquele aconchego de saber que você está, queira ou não, solitário, sem ninguém com quem se preocupar. Não digo apenas solidão física, aquela de estar trancado no quarto assistindo anime. Pode ser a Solidão psicológica também. De se sentir isolado, sem laços com ninguém. Não de viver isolado, mas de manter uma... digamos... "distância de segurança" das outras pessoas.

Tá aí uma coisa que eu fiz por muito tempo, diria até que por tempo demais: manter a tal da distância de segurança. Tentar não se afeiçoar muito às outras pessoas, para evitar qualquer tipo de ligação com as mesmas. Uma atitude meio egoísta e mesquinha, mas vá lá... auto-defesa é isso...

Mas então, a solidão proporcionada por este tipo de vida é bem amena. Bem fácil de administrar. Você se isola, ignora todos, faz parecer que está solitário por opção, o que muitas vezes é verdade, e assim vai vivendo. Pessoas que não te são importantes não te dão saudades. Você só sente falta daquilo que gosta. Até aí, tudo muito bom...

Agora, temos aquele momento em que você resolve quebrar o paradigma e se aproximar de alguém. E você se torna amigo. E se apaixona... E vem aquela história de simplesmente não conseguir mais ficar longe da pessoa em questão.
Mas é lógico, você não pode ficar grudado na pessoa que ama o tempo todo. Por mais que isso te soe perfeito, não é algo factível. Não é nem mesmo saudável. Dizem que a paixão é como uma planta, que precisa de ar e de espaço para florescer. Então, vocês se afastam às vezes. Por um dia, quiçá por uma semana. E aí é que vem a verdadeira solidão...

Ouvi dizer que, naquele livro do Dostoié... ehrm... Dostoiévski? Talvez? Não lembro o nome do russo maldito e não tô com saco pra "googlar"... Enfim... aquele livro, "Crime e Castigo" (que lembra muito o título de um livro da Nora Roberts... mas vá lá...), ele fala que a real punição na cadeia, a verdadeira privação da liberdade não é não poder sair de lá, mas se ver obrigado a estar sempre acompanhado. Não conseguir, em hipótese alguma, ficar sozinho. O fim da privacidade. Aí é que reside a punição.

Pois, creio que com o amor, aconteça o contrário, talvez. A real solidão não é estar sozinho, mas estar longe dela. Mesmo que você esteja cercado de inúmeras e das mais variadas pessoas, ainda assim, sem ela, aquela que lhe é especial, é como se você estivesse sozinho, em uma sala cheia de ruídos e vozes estranhas... Falantes, notáveis, porém ininteligíveis...

Desde que passei a gostar de alguém, gostar de verdade, passei a sentir uma falta tremenda da dita pessoa. Nada muito obsessivo, mas ainda assim, uma dependência sensível. Não que eu vá morrer se não vê-la por um momento, mas com certeza, se eu vê-la naquele instante, terei uma razão para sorrir. E aí... você experimenta essa felicidade fácil, singela, viciante, e já não consegue mais ignorar tal sentimento. E quando ela se afasta, quando sai do seu alcance... bem... vem a saudade. Apertando o peito. E de nada adianta tentar ignorar o sentimento, ou saciá-lo com alguma coisa que ocupe sua mente. De nada resolve. E você se sente só. Não por estar isolado. Mas por não estar com ela.

Solidão de quem é só, é isolamento. Solidão de quem está apaixonado, é saudade.
Saudade vicia. A parte ruim é a sede intensa que ela te aplica. A incapacidade de saciar o desejo por aquela companhia, indiferente do que se tente. A parte boa é que... bem... quando se reencontra aquela pessoa de quem se tinha saudade... é... vale a pena.