05 fevereiro 2011

A Masmorra De Krohm

Não havia luz, Kael percebera.
No início, enquanto ainda tentava recobrar o controle sobre si mesmo, ele questionava-se se podia confiar em seus sentidos. Talvez estivesse tonto o bastante para não perceber que estava de olhos fechados. Talvez tivesse os olhos cobertos e o torpor não lhe permitisse sentir. Mas a estupefação passou e a escuridão permaneceu. Respirou fundo, a fim de se acalmar. Arregalava os olhos na escuridão, mas nada se materializava em seu campo de visão. Tentou levar a mão esquerda ao rosto, mas o movimento foi detido por algo que pesava sobre seu braço: o escudo. Recalculou o movimento e, desta vez, conseguiu mover o braço. Sentiu-se reconfortado por perceber que ainda estava com seu escudo, mas logo essa percepção deu lugar a outra muito menos auspiciosa: sua mão direita nada segurava.

Ele estava de bruços. Ergueu-se com certa dificuldade, as costas e as pernas doendo, por causa da queda, supunha ele. Não lembrava-se de cair, mas, parecia-lhe a única explicação plausível para seu aparecimento em tão ermo lugar. Pôs-se de joelhos, o metal das botas machucando sua pele. Tateou o chão ao seu redor, mas não havia sinal de sua espada. O chão do local onde estava parecia rígido ao toque, tal como rocha. Uma caverna. E era também coberto por pedras estranhamente leves, para o seu tamanho.
Procurou pela espada, às cegas, por mais alguns instantes, mesmo sem muitas esperanças de encontrá-la. Sabia que, para sair dali, seja lá onde "ali" fosse, ele precisava da espada. As fitas de couro do escudo feriam seu braço, mas ele temia soltar a proteção e, caso precisasse, não conseguisse encontrá-lo novamente.

Levou a mão livre à cabeça. O contato de suas luvas com o cabelo acusou-lhe a ausência do elmo. O peso nos ombros, contudo, era prova de que sua cota metálica continuava onde deveria. Cair, de onde quer que ele tenha caído, poderia ter sido fatal, não fosse a armadura. Banhada nas águas sagradas do Lado de Azkrihar, sua armadura era capaz de absorver grande parte dos danos físicos por ele recebidos. Não diferenciava-se de uma armadura normal quando se tratava de um ataque mágico, contudo, o que fazia dela uma vestimenta invejável, mas não definitiva. Seu portador ainda precisava ser cuidadoso quando em uma batalha. Kael, pelo visto, não o fora. Lembrava-se da missão. Do caminho percorrido. De entrar na masmorra. E então, escuridão.

Sua missão era notavelmente perigosa: limpar a antiga masmorra de um castelo recém adquirido por um nobre medroso. A fama do lugar não era das melhores. Pessoas e animais da região sumiam, para que, semanas depois, os restos de seus corpos fossem encontrados na entrada da masmorra. Isso quando reapareciam. Ninguém jamais sobrevivera para contar o que havia naquele calabouço amaldiçoado.
Kael recebera uma ordem específica: mate qualquer coisa que houver por lá. Missões de extermínio eram as suas favoritas. Gostava do calor da batalha, do retinir de sua Fênix em contato com armas e corpos adversários. Mas esta missão não apresentara dificuldade alguma. Desde que entrara na masmorra, só encontrara um ou outro cadáver mutilado. Restos de animais, espadas tomadas pela ferrugem, armaduras inutilizadas por garras ou presas poderosíssimas. Mas nenhum sinal do causador de todo esse estrago. Nenhum ruído, nenhum movimento. Tudo calmo. Tão calmo, que fez com que os apurados instintos do cavaleiro falhassem. E foi aí que ele foi emboscadoa.

Caminhava vagarosamente pelo corredor sujo do calabouço, a espada mágica em punho, chamas douradas bruxuleando ao redor da lâmina. Sua espada, Fênix, havia pertencido a um elfo que Kael derrotara tempos atrás. Pela vitória, ele tomou a arma mágica para si. Poderia passar-se por uma espada longa comum, não fosse o fato de que, sempre que era empunhada, sua lâmina era envolta por uma camada de chamas douradas, capazes de infligir grandes danos ao corpo dos adversários feridos por ela.
A luz proveniente das chamas da espada iluminavam o caminho, por onde o cavaleiro passava. Portava o escudo ereto, pronto para defender-se de qualquer investida da qual pudesse ser alvo. O corredor era de pedra polida, apesar da sujeira nas paredes. Longas manchas escuras, talvez de sangue ressecado, cobriam todo o local. Nas paredes, os archotes apagados passavam a sensação de abandono do local. Kael observava tudo aquilo sem se preocupar muito. Já passara por inúmeros corredores e nada vira. Começava a ter certeza de que não havia com o que se preocupar quando pisou em algo que fez com que seus sentidos disparassem. Enquanto a pedra afundava sob seu peso, o cavaleiro ouviu o barulho de engrenagens funcionando. E então, algo voou em sua direção. Jogando-se para o lado, em um rolamento desajeitado, ele conseguiu desviar-se do projétil. Mas seu pulo de sopetão levou-o diretamente a outra armadilha, desta vez, ainda mais perversa. Assim que encostou-se na parede, uma maça desceu do teto, chocando-se violentamente com seu rosto. E então, o silêncio.

A ausência do capacete agora parecia fazer sentido. Provavelmente a pancada empurrara-o para alguma armadilha, algum alçapão que o lançara nesta caverna escura onde agora estava. Esticou as costas, tentando recobrar-se por completo. Precisava da espada para conseguir se encontrar, mas precisava de iluminação para encontrar a arma. Estava em maus lençóis. "Pelo menos", pensou ele, "estou sozinho aqui." Como resposta, veio de algum lugar próximo um grunhido de enregelar os ossos.


Continua...

3 comentários:

  1. Hoho...
    8) Eu sei o resto e vocês não... Haha!

    Mas vale o comentário: #Medo
    x.x
    e #curiosidade
    x.x
    NHUM!

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  2. Ser namorada do autor traz seus privilégios. XD

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  3. MEU DEUS
    não acredito que tu ja posto as ultimas duas partes xD
    PQP
    eu vi nas atualizações no meu blog
    eu malemal terminei de ler a primeira ontem
    seu
    seu
    seu
    seu
    apressadinho maluco O_O
    fora os posts gigantes
    tsc tsc
    ashuhshasuuashuhashashua
    mt bom *-*
    gostei gostei \o\
    meu pai me irrita pra escrever assim como tu '-'
    até to pensando nisso
    hehe
    no mais
    continue com o bom trab *apesar de tu ja ter terminado x.x*
    e ja leio o fim xD

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É sério?