03 fevereiro 2011

É engraçado...

É engraçado com o mundo dá voltas e você simplesmente não percebe...

Como as coisas mudam e você nem sente.

É engraçado como você deseja algo a vida toda e, de repente, está diante de você, sem aviso.

Como quando você deseja uma paixão. Algo que seja diferente. Que seja maior. Significativo. Único.
E você deseja tanto, que passa a se enganar. Passa a ver em qualquer broto, uma flor, em qualquer poça d'água, um lago.

Em qualquer sorriso, um amor...

E então, você se engana, se ilude a tal ponto, que acredita que realmente encontrou o que procurava.
E você mergulha no sentimento inexistente. Você quer aproveitar aquilo, mesmo sabendo que, lá no fundo, é só uma miragem.

E o que acontece quando se mergulha num riacho muito raso? Você bate de cara no chão.

E aí a confiança acaba. E acaba a coragem pra se jogar. E a vontade de procurar. E então, você se fecha. Com medo. Isolado. Sozinho.
Mas ainda assim... lá no fundo... desejando encontrar algo diferente. Significativo. Único.

E a parte engraçada é essa. Quando você decide que desistiu. E resolve afogar as suas esperanças. Resolve que acabou. Que nada vai acontecer, que nada daquilo existe pra você. E que a vida é só o que há aí.
É nessa hora que a vida vira o jogo. Que você, já sem esperanças, caminhando só por instinto, só pela sensação de arrastar os pés no chão, resolve fazer algo diferente.

Algo diferente, que muda sua vida pra sempre.
Como o cara que detestava caravanas. E pessoas no geral. Mas resolve, um dia, ir para um evento em uma delas.
Não por acreditar em algo diferente. Apenas pra sentir que não está parado. E esse cara, já sem esperanças, move os pézinhos, um após o outro, mesmo sem vontade ou fé, e entra naquela van. Com o sentimento de nojo estampado no rosto. Se culpando por se expor ao que, provavelmente, seria mais uma experiência ruim. Se preparando para mais um dia que o faria perceber o quão deslocado do mundo ele é.

Mas ele entra na van. E percebe que lá está, senhoras e senhores, aquela por quem ele esperou a vida toda.


Dizem que não existe amor à primeira vista. Bom... eu concordo. À primeira vista, o que há é interesse. Como o cara que entrou na van e, no meio de um bando de crianças aleatórias, vislumbra uma garota tímida, de fulgurantes cabelos roxos. Que no início lhe parecem azuís, confesso.
Ele entra na van sem esperar encontrar algo diferente. Mas encontra. E todo o seu planejamento, de ler um livro durante a viagem, cai por terra. E aí a mente já se perde completamente.

"Cabelos azuís? Isso é sério?"

E vem o choque. E aquela velha sensação que há tanto ele vinha tentando afogar. "Atração". Não do tipo instintivo. Não do tipo vulgar. Uma atração ingênua, boba. "Ela tem cabelos azuís? Que... legal!" E a vontade de falar com ela. E o sentimento do coração batendo de novo. Os sentimentos no geral.

É engraçado como o coração, mesmo depois de tanto tempo sem uso, ainda sabe o momento certo de perder o ritmo. Como quando ela responde. Ou quando encara-o com aquela expressão mista de timidez e interesse. E ele sente o impulso de estar perto dela. Mesmo sem entender o porquê. Mesmo sem justificar. Ele só quer estar com ela. Porque ela é... diferente?

O dia passa, eles se despedem. Ela não demonstra interesse. E aí a história acaba.
E ele pensa: "não sei nem o nome dela. Pena, era uma garota legal".

É engraçado como o tempo passa, e as pessoas que importam, voltam pro nosso caminho. Como ela voltou. Tudo bem que ele teve que correr atrás, mas ainda assim. Lá estava ela de novo. E de novo, sem lhe dar atenção.
Mas ele ainda sentia aquele interesse. E o interesse só aumentava. A cada frase dela, cada palavra, ele via mais e mais que ali estava o que ele procurava. E ele, contrariando sua natureza auto-protetora, continuou insistindo. Indo contra o que ele jurara fazer, expondo de novo seu coração repleto de cicatrizes, ele continuou tentando.

E o tempo passou. E ela percebeu. Percebeu o que ele já sabia. Percebeu o que ela já entendia. Percebeu o que estava escrito: Que ele era o que ela sempre quisera.
E ela relutou. Por ter suas próprias cicatrizes. Por também saber o que significava sofrer. Ela tinha medo. Receava se ferir novamente. E então hesitou. Hesitou e pensou. Pensou e decidiu. Decidiu e prometeu: ela iria esperar.

Só que o esperar dela deixava-o com medo. E ele temia ver a história se repetir. Temia estar, de novo, vendo uma flor onde não havia.

E mais tempo se passou. Até que o que eles sentiam já não se continha. Até que a verdade já lhes estivesse exposta. O medo foi sendo sobrepujado pela confiança. Confiança e certeza. A certeza de que um tinha no outro o que sempre quisera.

É engraçado que os dois ainda hesitavam, mesmo diante do maior sonho que já haviam sido capazes de sonhar. E eles hesitaram. Por medo. Mas por prazer. De prolongar a espera. De ver crescer o sentimento. De sentir o gostinho agri-doce da paixão não revelada. E eles esperaram. Esperaram para ter o que ansiavam por toda a vida. Aquilo pelo qual se guardaram. Aquilo no que acreditavam.

Até que chegou aquela noite. Onde os sentimentos irromperam a barreira do medo. Naquela noite, quando o céu escuro vestia-se de inúmeras nuvens cinzentas e a Lua espiava de sua morava enevoada, eles venceram o caminho entre um e outro. E se encontraram. Primeiro as mãos. Num toque suave, porém abrasador. Um gesto simples, mas que significava tudo. Confiança, certeza, compreensão.
Amor.
Então o beijo. Aguardado, guardado. Singelo, desajeitado, trôpego.

É engraçado que, nenhum dos dois tenha sentido, naquela noite, o que haviam acabado de conseguir. É engraçado que agora o tempo passe e eles ainda se sintam como naquela primeira noite. A saudade, a vontade de estar perto, a necessidade de segurar a mão. E a inocência de quem ama simplesmente por amar, sem pensar no que significa ou poderá significar.

Mas o engraçado mesmo, é que tudo isso só aconteceu, porque ambos fizeram coisas das quais tinham plena certeza que se arrependeriam. Ela, pintou o cabelo. Ele, entrou naquela van.

É engraçado o que o destino, ou Deus, ou o Batman, ou seja lá no que você acredita, reserva para nós. Ou como não há nada reservado, e as coisas simplesmente acontecem.
É engraçado que eles tenham se encontrado. E encontrado um no outro, o que procuravam.

É engraçado que... já não precisem mais procurar. Que eles estão juntos. E agora é só viver.

É engraçado que... o cara que jurou parar de escrever sobre isso, esteja fazendo-o. Confessando o que sente.

É engraçado que eu não saiba como terminar esse post... Não sei como fechar essa história.
Mas pensando bem, ela mal começou. Como então terminá-la? Deixemos em aberto.

É engraçado você não conseguir vislumbrar um final pra melhor história que já viveu.
Por não querer que ela acabe? Engraçado...

Um comentário:

  1. Nham... Fiquei sem o que comentar.
    Mimimi... Ç_Ç

    Inner: Mimimi literal esse...

    IN! >.<'
    Acho que tudo que eu poderia comentar pode ser incluso no post, então...
    Mimimimimi? :3

    PS: O melhor da história é não querer que ela acabe, mesmo... =D

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É sério?